Centenário
da Livraria Académica
Colóquio
Memória e Património: o lugar do livro -
no centenário da "Renascença Portuguesa"
e da Livraria Académica
Convite
e Programa
(PDF)
Café
Luso - "Tertúlias & Alfarrabistas" - fotos
"Retratos
da [Livraria] Académica - memórias do livro"
- Eva Gomes (UA) - texto
integral (PDF) / fotos
Evocação
do centenário da Livraria Académica - alocução
de Nuno Canavez / fotos
Fotos
da tertúlia no Café Luso







<topo>
"Retratos
da [Livraria] Académica - memórias do livro"

Dra. Eva Gomes e Nuno Canavez
<topo>
Evocação
do centenário da Livraria Académica
Alocução
de Nuno Canavez
Mandam
as regras da boa educação que agradeça a
todos quantos quiseram honrar-me com a sua presença nas
comemorações do 100º aniversário da
Livraria Académica. Mas para além da obrigação
que me cabe, devo dizer a V.Exªs que o faço com a
maior satisfação.
Permitam que comece por mencionar e agradecer às individualidades
mais ligadas à realização do colóquio
"Memórias e Património".
Ao Sr. Dr. Luís Cabral pela cedência do magnífico
espaço onde nos encontramos.
Ao Sr. Dr. Paulo Samuel pelo trabalho e empenhamento dispendido
na organização deste colóquio.
À Srª Drª Eva Maria Gaspar Gomes por ter participado
e ainda pelo exaustivo estudo sobre a Livraria Académica,
com o qual defendeu tese de Mestrado na Universidade de Aveiro.
A título de curiosidade devo informar que foi o primeiro
estudo apresentado em Portugal a um júri universitário
sobre uma livraria alfarrabista.
Ao Sr. Dr. Artur Anselmo, cujo nome ocupa na história do
livro em Portugal um dos lugares mais distintos.
E por último a todos os restantes intervenientes.
Não ficaria de bem comigo mesmo se não evocasse
aqui o Sr. Guedes da Silva, fundador da Livraria Académica,
figura de rara sensibilidade, prestigiado livreiro do seu tempo,
que sempre procurou, ao longo da sua actividade, dignificar o
livro e colocá-lo no lugar a que tem direito.
Foi um excelente mestre. Transmitiu-me conhecimentos que me foram
utilíssimos na minha carreira de livreiro-alfarrabista.
Muito humano e a quem muito devo.
A Livraria Académica foi fundada em 16 de Novembro de 1912,
inicialmente na Rua das Oliveiras nº 75, vindo a ser transferida
pouco tempo depois para o local onde actualmente se encontra.
Ao longo destes anos a Livraria Académica, para além
de comercializar os livros, tem também sido um veículo
de difusão da cultura, através de exposições
sobre os mais variados temas. Muito tem contribuído para
a preservação, conservação e recuperação
de muitas espécies bibliográficas.
O livro é sem dúvida um instrumento de cultura e
de progresso dos indivíduos e das colectividades. Uma nação
é tanto mais culta e independente quanto mais livros produza
e quanto mais leia o seu povo.
"Um país faz-se com homens e livros", assim dizia
o escritor brasileiro Monteiro Lobato. "Um só livro
pode fazer a imortalidade dum povo", no dizer do nosso Eça
de Queiroz. O livreiro-alfarrabista tem o condão de estar
rodeado de uma espantosa riqueza intelectual. É maravilhoso
manusear uma mercadoria que abre perspectivas até então
desconhecidas. Alarga horizontes. Põe-nos em contacto com
seres de outros tempos e de todos os lugares. O livro traz-nos
a experiência dos outros. O livreiro-alfarrabista para desempenhar
cabalmente o seu papel terá de possuir o maior número
de conhecimentos, para assim poder aconselhar o seu cliente, quando
este lhe pede o seu parecer. Terá necessidade de uma longa
aprendizagem que lhe permita saber como o livro é feito
e conhecer tudo de quanto mais importante se imprimiu (sobretudo
no seu país) e sob as mais variadas formas, características
especiais, como número de tiragens, tipo de papel, nome
do ilustrador, etc., etc.
O livreiro-alfarrabista deve possuir as obras fundamentais da
bibliografia portuguesa e se possível estrangeira, pois
só lendo e consultando frequentemente essa bibliografia
se aprende quais as obras publicadas por um autor, quais as raras
e desejáveis, enfim, todas as informações
necessárias. Procurar saber o maior número de coisas
sobre a sua profissão, ter gosto e competência. Quem
já teve a oportunidade de manusear livros antigos sabe,
concerteza, quanto é apaixonante o estudo e as investigações
que conduzam à identificação dos velhos alfarrábios.
Ser profissional do livro é, em qualquer parte do mundo,
uma actividade encantadora, e comercializar o livro antigo ou
esgotado parece-me ainda possuir mais encantos.
Alguém, cujo nome não recordo, dizia que o livro
dilata o horizonte dos nossos conhecimentos e cultiva a arte de
transmitir com perfeição.
Despeço-me com um grande abraço de profundo reconhecimento.
 
 
<topo>
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